quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Caipiras de Raiz






Pena Branca, nos deixa aos 70 anos e sempre fiel às origens, soube misturar MPB e moda de viola, em contraponto ao sertanejo difundido pela mídia
Um valioso guardião da música interiorana, caipira genuína, um dos últimos de uma espécie em extinção, José Ramiro, mais conhecido como Pena Branca.
Pena Branca ficou famoso a partir dos anos 1980 quando formou dupla com seu irmão Ranulfo Ramiro da Silva, o Xavantinho, morto em 1999. Nascido em Igarapava, no interior de São Paulo, em 1939, ele passou boa parte da infância e adolescência em Uberlândia, interior de Minas, onde seu irmão nasceu três anos depois dele. Ambos trabalharam na roça com o pai e outros cinco irmãos até que começaram a cantar juntos em 1962. Seis anos depois, os dois se mudaram para São Paulo para tentar a carreira artística.
Como a história de tantos outros batalhadores, a dupla passou mais de uma década investindo em sua música até que se inscreveu no Festival MPB Shell, da Rede Globo, de 1980 e se classificou para a final com a canção Que Terreiro É Esse?, de Xavantinho. No mesmo ano, eles lançaram o primeiro LP, Velha Morada, em que predominavam composições de Xavantinho, e tinha também a folclórica Calix Bento e Cio da Terra (Milton Nascimento e Chico Buarque).
A dupla viria a gravar outras canções do repertório de Milton (só Cio da Terra tem três gravações dos irmãos) e também composições de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Luiz Gonzaga, Almir Sater, Renato Teixeira, Tavinho Moura (um de seus principais incentivadores) e Ivan Lins, entre outros.
Porém, música popular com sotaque matuto, bem recebida pela área intelectual, não se ajeitava nas faixas mais populares do público. Música caipira com sotaque de MPB causava um tantinho de estranheza no mundo sertanejo.
O cenário não mudou muito, mas Pena Branca, depois da morte do irmão, seguiu adiante com sua bandeira nessa seara sozinho. Artistas urbanos como Renato Teixeira (que gravou um bem-sucedido álbum ao vivo com a dupla em Tatuí), continuam trazendo o ''sabor da terra'', digamos, à MPB. Questões de mercado e preferência popular à parte, deixou em carreira-solo, mas principalmente nos dez discos gravados em dupla com Xavantinho, um respeitável e importante registro desse cancioneiro.
Discografia
PENA BRANCA & XAVANTINHO
Velha Morada (1980)
Uma Dupla Brasileira (1982)
Cio da Terra (1987)
Canto Violeiro (1988)
Cantadô de Mundo Afora (1990)
Ao Vivo em Tatuí com Renato Teixeira (1992)
Violas e Canções (1993)
Ribeirão Encheu (1995)
Pingo d"Água (1996)
Coração Matuto (1998)
DISCOS-SOLO DE PENA BRANCA
Semente Caipira (2000)
Pena Branca Canta Xavantinho(2002)
Cantar Caipira (2007)

(pesquisa - O ESTADÃO.COM.BR)

3 comentários:

  1. Uma grande perda para a música!
    Meu pai sempre nos fazia ouvir as músicas regionais e ele era um dos que eu ouvi muito!

    Bela homenagem!
    Adorei seu desenho...sua arte é incrível!

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  2. Ahhh...mulequeeeeeeeeeeeee...mas um desenho arrebentando...uma hora vou postar um deles...bjo

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